Central do Brasil (da série 1001 Filmes)

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Josué e Dora, na emblemática cena em que ela volta a ser quem sempre deveria ter sido.
Poucos filmes são tão tristes e belos como Central do Brasil. É certo que eu sou um cara bastante emotivo, mas o filme que Walter Salles dirigiu em 1998 é realmente marcante e tocante. A história do amor mais puro nascido entre Dora (Fernanda Montenegro) e Josué (Vinícius de Oliveira) traz lágrimas aos olhos dos que, como diz a Dora na fala que encerra o filme, têm saudade. Saudade de filmes que tocam o coração sem que te puxem pelo braço e te forcem a chorar. Saudade de filmes que simplesmente contem boas histórias, sem apelar para clichês estigmatizados por Hollywood. Não há um momento em Central do Brasil que fuja da proposta do filme: mostrar pessoas de verdade, sem forçar barra, sem artificialidade.
E há que se comentar a atuação de Fernanda Montenegro. Fernanda, talvez a maior atriz brasileira de todos os tempos, mostra com Dora que é no cinema seu ponto de escape para a efemeridade das novelas televisivas. Nada contra suas atuações em alguns folhetins, como em Belíssima, e outras produções globais que não me recordo no momento. Mas é mesmo no cinema (e no teatro) que Fernanda arrebata o coração do público. Em Central do Brasil sua Dora é o retrato da indiferença, frieza adquirida com as cicatrizes que a vida lhe deu. Um ser humano precisando ser resgatado. Quando ela conhece Josué (defendido com talento pelo novato Vinícius de Oliveira), vê no menino uma possibilidade de ganhar algum dinheiro, vendendo-o para adoção. Ao saber que os "intermediadores" de adoções são na verdade traficantes de menores, ela o resgata, e tendo que fugir, entra em um ônibus e parte com o garoto para o nordeste, onde ele encontrará o pai sumido. Tem início um típico road-movie, no qual os protagonistas se conhecerão e serão conhecidos. É claro que esta viagem fará uma transformação no coração de Dora. E é algo sublime.
Walter Salles não mostra com seu filme o que alguns chamam de "estética da pobreza". Não embeleza os cenários, nem faz filme "para gringo ver". Central do Brasil é uma história sincera, que mostra um Brasil que nem mesmo os brasileiros conhecem e fez pelo cinema nacional o que só Cidade de Deus faria, anos depois. Basta lembrar que foi indicado a 2 Oscar, incluindo a indicação inédita de uma atriz sul-americana ao prêmio máximo do cinema. E pensar que Fernanda Montenegro perdeu para a insossa Gwyneth Paltrow!

1 Comente aqui!:

  1. Vilson Albuquerque disse...:

    Poxa.. agora deu vontade de ver.. rsrs e advinha quem vai me emprestar? kkk abraço

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