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A Conversação (da série 1001 Filmes)

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Um dos filmes menos conhecidos de Francis Ford Coppola, A Conversação (1974) é considerado pelo próprio diretor seu melhor filme. Os temas abordados pela obra, a solidão na sociedade urbana, a falta de privacidade e a competição, permanecem atuais e relevantes. Na trama, Harry Caul (Gene Hackman) é um especialista em vigilância, que trabalha gravando e filmando pessoas desconhecidas, seja através de grampos telefônicos, seja em operações complexas de vigilância, que envolvem várias pessoas perseguindo e apontando microfones para os alvos a ser vigiados. O protagonista tem pouco contato com seus clientes, e cada nova vigilância não passa de mais um trabalho, realizado friamente mediante um bom pagamento. Harry não sabe com que propósito seus clientes desejam que outras pessoas sejam vigiadas e tenham suas conversas gravadas, mas seu trabalho é esse e ele é o melhor no que faz. Mesmo assim, durante o filme descobrimos que Harry se considera responsável pela morte de três pessoas cujas vidas foram investigadas por ele.
Solitário e desconfiado de quem quer que seja, Harry não demonstra qualquer jeito para o trato social, passando suas noites em seu apartamento, tocando seu saxofone. As cenas de Harry Caul tocando jazz acompanhado de seus discos com uma plateia imaginária, estão entre as mais melancólicas filmadas na década de 1970.
Ainda durante os créditos iniciais acompanhamos a investigação conduzida por Caul que será o centro de toda a trama de A Conversação. O protagonista acredita que o casal que está vigiando encontra-se ameaçado de morte, o que faz com que ele hesite em entregar o resultado final de suas gravações para seu misterioso cliente (uma participação especial de Robert Duvall) e o assistente deste (um jovem Harrison Ford, atuando de maneira sinistra). No decorrer do filme o espectador segue o dilema de Harry e sua crescente desconfiança de tudo e todos à sua volta; ele teme estar sendo seguido e vigiado pelo seu próprio cliente, em uma tentativa de garantir que ele entregue as gravações obtidas do casal.
Tudo em A Conversação contribui para o clima de paranoia vivido pelo protagonista, desde a fotografia granulada e obscurecida até a trilha sonora jazzística. O roteiro não oferece saídas fáceis e o clímax do filme é de uma intensidade das mais sutis: calma, mas repleta muito mais de perguntas do que de respostas. É Coppola (e Hollywood) em seu auge criativo.

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Os 15 filmes mais absurdamente "de macho" já feitos

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Com o futuro lançamento do novo Conan - O Bárbaro nos cinemas, o site da revista inglesa Empire decidiu reunir uma singela lista com os mais insanos filmes "de macho" de todos os tempos. São aqueles filmes cheios de testosterona, com personagens que engravidariam suas irmãs, com um charuto em uma mão e uma mini-metralhadora na outra. São filmes que fazem todo homem na terra (com exceção do The Rock e, talvez, do Anderson Silva) se sentir um pouco inadequado. Bem-vindo ao cinema macho!

Esses caras deixam todos os outros homens inadequados
1. Predador - Poucos filmes vão tão fundo na testosterona quanto este. Uma viagem totalmente insana às profundezas da selva, com uma tensão crescente e muitas (muitas mesmo) balas sendo disparadas para todos os lados. O elenco - permanentemente suado, é claro - praticamente emerge de seus uniformes militares, que certamente não cabem nos músculos dos caras. E isso é só o começo! O personagem de Sonny Landham corta seu próprio peito com uma faca gigantesca enquanto se prepara para enfrentar seu nêmesis; sem falar no líder do grupo, interpretado por Arnold Schwarzenegger, que encara um mano-a-mano com o sanguinário alienígena de dreadlocks! É sério. Não. Mexa. Com. Esses. Caras.

2. Velozes e Furiosos 5: Operação Rio - Esta franquia já chegou a flertar com o homoerotismo (sim, estamos falando de Mais Velozes e Mais Furiosos), mas neste último e melhor filme da série, o ponteiro está claramente apontado para "macho". Isso por duas razões: as perseguições mais eletrizantes já filmadas e a presença de Dwayne "The Rock" Johnson como um antagonista digno para o Dominic Toretto de Vin Diesel. Ainda mais suado que os soldados de Predador, The Rock faz parecer Schwarzenegger um fracote no papel do agente do Serviço de Segurança Diplomática dos EUA Luke Hobbs. O diretor Justin Lin recentemente declarou à Empire que a épica luta entre The Rock e Vin Diesel era originalmente três vezes mais longa; tinha uma estrutura de três atos e mais motivações dos personagens para cada movimento. Tivesse feito a cena como imaginou, talvez Justin Lin teria colocado o filme no topo desta lista.

3. Adrenalina - Em termos de pura e demente carnificina, este é o ápice dos filmes de ação modernos. As aventuras do assassino profissional Chev Chelios (o excelente Jason Statham), envenenado com "alguma porcaria chinesa" antes do filme começar e deixado para encontrar o antídoto durante o curto tempo que lhe resta, pode parecer mais do mesmo, mas só por um momento. O veneno particular de Chelio só pode ter seu efeito final adiado se ele mantiver seus níveis de adrenalina altos, fazendo com que ele comece brigas, roube carros, cheire cocaína, faça acrobacias de bicicleta e tenha relações com sua namorada em público só para se manter vivo. É um filme estranho e bizarro que só poderia ter saído das mentes insanas de Mark Neveldine e Brian Taylor, possivelmente os diretores mais desinibidos e machos-alfa em atividade hoje. A maior parte do filme seria ridícula e ofensiva se o roteiro se levasse a sério. Você vai rir, vai chorar até se engasgar com toda a loucura disso tudo.

4. Caçadores de Emoção - Como pode um filme dirigido pela agora oscarizada Kathryn Bigelow, com aqueles dois atores que sua namorada adora - um fez Dirty Dancing e o outro estava em Caminhando nas Nuvens - ser possivelmente "de macho"? Bem, talvez porque Caçadores de Emoção se trate basicamente de adrenalina, amor pelo perigo, viver no limite, como o Aerosmith cantou tão bem. Se nada mais houvesse no filme, a brilhante perseguição a pé entre o policial de Keanu Reeves e o assaltante de Patrick Swayze, terminando com o personagem de Reeves disparando sua arma, olhando para o alto e gritando "aaaaaahhhh" (quem nunca se imaginou fazendo isso? É só lembrar da comédia Chumbo Grosso). E caramba, o único grande filme ocidental com coragem o bastante de fazer do budista o vilão da história, merece um lugar aqui.

5. Maré Vermelha - Submarinos são naturalmente lugares para macho, tanto que mulheres não podiam servir neles (até recentemente, pelo menos). Mas alguns filmes de submarino são mais de macho que outros, e este só tira o lugar de O Barco, do Wolfgang Petersen, por conter um verdadeiro duelo de titãs como o que se vê entre o capitão Gene Hackman e o oficial executivo Denzel Washington. Enquanto Caçada ao Outubro Vermelho era centrado em um embate intelectual e um ato de ousadia, este é simplesmente um jogo de nervos, com o campeão Hackman enfrentando um pretendente ao seu trono como novo homem da marinha em Washington. Vamos admitir, porém, que há uma escorregada no machismo quando eles resolvem divagar sobre histórias em quadrinhos por um momento (macho raramente se vê em momento nerd), mas vamos deixar passar, afinal, os caras estão no meio de um arsenal nuclear.

Ele rasga a garganta de um cara com as mãos
6. Matador de Aluguel - Como é? Outro filme com o astro de Ghost? Na verdade, sim. Este é o filme no qual Patrick Swayze sai com o protótipo do macho-alfa Sam Eliott (qualquer um que consiga carregar aquele bigode é muito macho, se você quer saber) e depois rasga a garganta de um cara com as próprias mãos. Este também é aquele filme onde ele começa fazendo tai chi, dá uns amassos na Kelly Linch, e termina enlouquecidamente raivoso. Sem falar que ele rasga a garganta de um cara com as próprias mãos. Dalton, personagem de Swayze, pode alegar que "ninguém vence uma briga", mas francamente, a maioria das pessoas diria que o vencedor é o cara que rasgou a gargante de um cara com as próprias mãos.

7. Comando Para Matar - Enquanto Predador é, com alguma distância, um filme melhor, Comando Para Matar é tão ridculamente macho que consegue para Arnie uma segunda aparição na lista. Afinal de contas, é aqui onde ele ganha suas falas mais elegantes ("Ei, Bennett, não faça tanta pressão!") e onde ele mostra menos consideração por detalhes tais como realismo ou desenvolvimento de personagem. Enfrentando todo um time de patifes bombados, Arnie não vai parar por nada em sua missão de resgatar sua filha de sequestradores e, incidentalmente, impedir um ditador corrupto de recuperar seu país. Sim, esse cara é tão durão que sozinho pode barrar um ditador. Toma essa, OTAN.
Realismo? Isso não é coisa de macho!

8. Rambo III - Rocky pode ter os aplausos, todo aquele desenvolvimento de personagem, a história emocionante, mas Rambo - e em particular este, que é o mais ridículo de todos os filmes da série - tem os músculos, e uma história que inspirou milhões de imitações. Lá está Rambo, lutando de noite e construindo um templo budista durante o dia, quando seu antigo coronel aparece pedindo sua ajuda para levar mísseis Stinger aos afegãos durante a invasão soviética. Rambo se recusa - porque, como só homens de verdade podem, ele renunciou à violência - mas imediatamente muda de ideia quanto Trautman é capturado pelos vilões. Corta. Entra em cena escaladas de altas montanhas, voos de helicópteros, lançamentos de coquetéis  Molotov e uma briga de galo entre um tanque e um helicóptero. Nenhum filme foi tão anos 80.

"Olha, Stallone, porrada é contigo, futebol é comigo, entende?"
9. Fuga Para a Vitória - Homens de verdade, sugere-se frequentemente, amam futebol da mesma forma como odeiam nazistas. Logo, homens que jogam futebol como meio de confrontar nazistas devem ser indivíduos seriamente masculinos. Mas sabe o que é ainda mais masculino? Decidir não executar seu plano de fuga no intervalo do jogo (amarelar é para covardes!) porque você quer ficar e derrotar os nazistas no campo. Isso requer muita, muita coragem. Baseado na história real do time do Dínamo de Kiev que jogou contra seus opressores nazistas e morreram em grande número em campos de trabalhos forçados, este filme pode ter um finalzinho feliz meio forçado e uma tentativa fracassada de Stallone de convencer como um jogador habilidoso, mas tem Pelé. E é um belo hino à macheza.

10. Meu Ódio Será Sua Herança - Se o game Red Dead Redemption tomasse drogas, o resultado seria um pouco parecido com Meu Ódio Será Sua Herança. Sam Peckinpah foi provavelmente o diretor mais macho, capaz de jogar John Huston para escanteio e um fornecedor de níveis de violência e vísceras à mostra chocantes para sua época. O filme abre com uma longa cena de carnificina sangrenta e até os momentos calmos, com homens grunhindo em volta de fogueiras, exalam testosterona. E então vem o final, um dilúvio de balas cruzando a tela e não deixando muito para contar a história. É uma visão fria e sombria da masculinidade, mas talvez a mais poderosa da nossa lista.

11. Comando Delta 2: Conexão Colômbia - Você não pensou mesmo que iríamos fazer uma lista dessas sem colocar Chuck Norris dando pelo menos um chute circular na cabeça de alguém, pensou? Honestamente. Este aqui tem de tudo: complicações desnecessárias na trama, missões de vingança para os heróis e vilões, resgate de reféns, helicópteros, tiroteios e todo o resto. E no centro de tudo isso, firme como um carvalho que ocasionalmente treina artes marciais, está o próprio Chuck. Não dá para evitar pensar o quão ilógico é um filme que se chama Conexão Colômbia se passar quase inteiramente na fictícia nação de San Carlos! Mas ninguém nunca disse que "macho" e "lógico" eram sinônimos. Na verdade são bem opostos, a julgar pela maioria dos filmes listados aqui.

12. Magnum 44 - Clint Eastwood é tão macho que sua filmografia inteira poderia ser incluída aqui (certo, talvez não As Pontes de Madison, mas até Os Aventureiros do Ouro o mostra bem masculino), mas nós escolhemos uma das aparições de Dirty Harry porque, bem, é de se admirar um homem que fez por merecer o apelido "Dirty" (Sujo) e carrega "a pistola mais poderosa do mundo". Este segundo filme com o policial de San Francisco o mostra lidando com sequestradores de avião, policiais corruptos, gangsters e - o pior de tudo - um chefe com o coração despedaçado que nunca disparou uma arma no cumprimento do dever. O filme também o mostra devorando um hamburguer suculento enquanto seu velho amigo fala sobre cenas de crime nojentas do passado, o que resume seu apelo central: frieza total.

13. 300 - Era uma vez 300 espartanos e um punhado de aliados que realmente defenderam uma passagem estreita contra um exército de (pelo menos) 250 mil persas por três dias vitais. Eles foram de verdade os protótipos da invencibilidade que os outros desta lista apenas fingem ser, logo o elenco da adaptação da graphic novel 300 (e o diretor Zack Snyder) tinham que ir fundo e pôr em prática um regime de treinamento que superasse a dureza para se provarem dignos de seus papéis e caberem naquelas cuecas de couro. A maior parte das falas mais legais vêm dos registros históricos: quando é dito que as flechas persas "bloquearão o sol", os espartanos realmente juraram "lutar na sombra"; quando ouviram que deveriam baixar suas armas, a resposta realmente foi: "Venham pegá-las". Com toda a conversa sobre homoerotismo (só porque os heróis estão quase nus), não dá para evitar pensar que a maioria de seus acusadores são simplesmente invejosos. Basta uma olhada e você acreditará que estes trezentos poderiam atrasar um império.

14. Red Scorpion - Sejamos justos: na Guerra Fria, havia homens viris em ambos os lados do conflito. E não havia ninguém mais viril do que Dolph Lundgren, que embora sendo sueco, incorporou o soviético ideal nas telas durante boa parte da década de 80. Ele é do tamanho da Bélgica e ainda parece que poderia derrubar Rocky com um soco. Esta produção fracassada mostra-o como um agente russo que decide trocar de lado e lutar contra suas próprias forças e consequentemente com as próprias mãos, conquista a liberdade e a democracia para uma nação inteira. Isso o habilita a um lugar nesta lista. Ponto bônus por sobreviver a uma tortura e sair dela com nada menos do que puro ódio.

Sim, Nicolas Cage sai andando de uma tremenda explosão
15. Con Air - A Rota da Fuga - O filme tem seu objetivo e o aproveita: é um filme insanamente macho e ao mesmo tempo uma ridicularização do gênero (veja também: Velozes e Furiosos 5). Afinal de contas, quem escala Nicolas Cage como seu herói durão e John Malkovich como principal antagonista sem ao menos perceber a bizarrice da situação? Quem faz de Steve Buscemi o membro mais assustador do elenco? Quem pensou que o cabelo de Cameron Poe (personagem de Cage) era uma boa ideia? Até mesmo os embates de músculos são impossíveis de se levar a sério: o ultimato "ponha o coelho de volta na caixa" é um exemplo clássico do roteiro que quer tanto ser macho que acaba sendo demente. Critique quem quiser, mas para onde quer que se olhe, há neste filme explosões, quedas, assassinatos e tiroteios o bastante para satisfazer. O herói até sai andando de uma explosão, como todo macho deve eventualmente fazer.

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